segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Seres espúrios e ciclos incessantes


Cala a tua boca! Perca a tua Força;
Balbucies incrédulo aquela oração.
Teus filhos ? ... já morreram,
Olha para eles, jamais conseguirão.
Sentas na poltrona mais larga;
A mesa é mais farta na televisão.
Teu sono é tão curto,
Teus dentes imundos,
Teus sonhos no mundo
Pronuncias em vão.
De cortinas fechadas
De boca cerrada,
Com a roupa amassada;
Sozinho, no escuro,
Contemplando as próprias mãos.
Com a alma amputada,
de cabeça cansada,
Balbucias incrédulo,
Aquela oração.
Quanta nostalgia e nenhuma vontade
E já vai longe a idade E aborreces à toa
De barba esparsa e boa
Balbucias, incrédulo,
Aquela oração.
De tez alterada; A fala embargada;
Modernas Mentiras, Mentiras Decentes,
Mania recente é a lembrança da mãe;
Que sempre alertava ao seu pobre menino
Que "o céu é bom e o certo é ser feliz".
É triste o sofrer (...)
É triste quando a morte chega lenta
E tão só por isso te sentas
Numa sala suja de Hospital.
A morte é banal !
É banal, ... o apelo de Maria
Os gritos de desespero de João, Que ninguém mais ouve
Esta tua grande farsa preeminente
este mundo esquálido ao qual te agarrastes ... e pronto.
E ainda queres que a vida,
este imenso caleidoscópio de razões e emoções
esperanças, erros
Contradiga tudo a que o teu lógico espúrio pensamento levou;
O mundo te calou !
o mundo te calou e não fizestes nada
para que dissessem o contrário ...

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